CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede

  1. Título: A sociedade em Redesociedade em rede
  2. Autor(es): Manuel Castells
  3. Editora: Paz e Terra
  4. ISBN: 978-85-7657-084-4
  5. Referência bibliográfica: CASTELLS,  Manuel. A Sociedade em Rede. 11 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008.  pp. ISBN
  6. Assunto: Tecnologia da informação, Redes de informação, Tecnologia e civilização
  7. Tradutor (versão brasileira): Roneide Venancio Majer
  8. Título (versão original): The rise of the network society
  9. Editora (versão original): NYU Press

Sinopses

– Livraria Cultura: “O livro busca esclarecer a dinâmica econômica e social da nova era da informação. Baseado em pesquisas feitas nos Estados Unidos, Ásia, América Latina e Europa, procura formular uma teoria que dê conta dos efeitos fundamentais da tecnologia da informação no mundo contemporâneo.”


Bibliográfico

Introdução:

Capítulo 1 – A revolução da Tecnologia da Informação (p.67)

Capítulo 2 – A nova economia: informacionalismo, globalização, funcionamento em rede (p.119)

Capítulo 3 – A empresa em rede: a cultura, as instituições e as organizações da economia informacional (p.209)

Capítulo 4 – A transformação do trabalho e do mercado de trabalho: trabalhadores ativos na rede, desempregados e trabalhadores com jornada flexível (p.265)

Capítulo 5 – A cultura da virtualidade real: a integração da comunicação eletrônica, o fim da audiência de massa e o surgimento de redes interativas (p.413)

  • Abordagem de convergência como caixa preta (p.452)
  • Comportamento social virtual vs real
  • Evolução da técnica é mais rápida do que o entendimento e uso das possibilidades geradas por ela.

Capítulo 6 – O espaço de fluxos (p.467)

  • Espaço como prática social

Capítulo 7 – O limiar do eterno: tempo intemporal (p.523)

  • Simultaneidade e intemporalidade

Conclusão: a sociedade em rede (p.565)


Conteúdo

A informação, através da formação de redes, altera e influencia até mesmo concepções de tempo e espaço, levando à teoria social do fluxo e da intemporalidade. Quando o físico é relegado ao segundo plano, mero executor de um nível superior informacional, comandado pela rede financeira desvinculada do processo produtivo mas fortemente dependente da indústria de tecnologia. Uma nova existência “marcada pela autonomia da cultura vis-a-vis as bases materiais de nossa existência”.


Citações

Capítulo 5

– “… à medida que os exageros das primeiras tribos de informática recuam sob o fluxo implacável das novatas, o que permanece das origens contraculturais da rede é a informalidade e a capacidade auto-reguladora de comunicação, a ideia de que muitos contribuem para muitos, mas cada um tem a própria voz e espera uma resposta individualizada.” p.441

– “…apesar de todos os esforços para regular, privatizar e comercializar a Internet e seus sitemas tributários, as redes de CMC, dentro e fora da Internet, têm como características: penetrabilidade, descentralização multifacetada e flexibilidade. ” p. 442

– “…cada vez mais refletirão interesses comerciais à medida que estenderem a lógica controladora das maiores organizações públicas e privadas para toda a esfera de comunicação…mas, diferentemente da mídia de massa da galáxia de McLuhan, elas tem propriedades de interatividade e individualização tecnológica e culturalmente embutidas.” p.442

– “…assim, parece que a interação via Internet é tanto especializada/funcional quanto ampla/solidária, conforme a interação nas redes amplia seu âmbito de comunicação com o passar do tempo.” p,444

– “..comunidades virtuais…são redes sociais interpessoais, em sua maioria baseadas em laços fracos, diversificadíssimas e especializadíssimas, também capazes de gerar reciprocidade e apoio por intermédio da dinâmica da interação sustentada.” p.446

– “Na verdade, a maioria dos especialistas do setor acha que o obstáculo real à expansão da multimídia é que o conteúdo não acompanha a transformação tecnológica do sistema: a mensagem está evoluindo menos que o meio.” p.454

– “Primeira: diferenciação social e cultural muito difundida levando à segmentação dos usuários-espectadores-leitores-ouvintes…A formação de comunidades virtuais é apenas uma das expressões dessa diferenciação.” p.457

– “Segunda: crescente estratificação social entre os usuários… A informação sobre o que procurar e o conhecimento sobre como usar a mensagem será essencial para se conhecer verdadeiramente um sistema diferente da mídia de massa personalizada…O poder unificador cultural da televisão direcionada às massas (da qual apenas uma pequena elite cultural havia escapado no passado) agora é substituído por uma diferenciação socialmente estratificada, levando à coexistência de uma cultura da mídia de massa personalizada com uma rede de comunicação eletrônica interativa de comunidades auto-selecionadas.” p.457-458

– “Terceira: integração de todas as mensagens em um padrão cognitivo comum…. como mantem suas características específicas de mensagens enquanto são misturadas no processo de comunicação simbólica, elas embaralham seus códigos nesse processo criando um contexto semântico multifacetado composto de uma mistura aleatório de vários sentidos.” p.459

– “Quarta: capta em seu domínio a maioria das expressões culturais em toda a sua diversidade… todas as expressões culturais, da pior à melhor, da mais elitista à mais popular, vêm juntas nesse universo digital que liga, em um supertexto histórico gigantesco, as manifestações passadas, presentes e futuras da mente comunicativa. Com isso, elas constroem um novo ambiente simbólico.” p. 459

– “Só a presença nesse sistema (multimídia) integrado permite a comunicabilidade e a socialização da mensagem. Todas as outras mensagens são reduzidas à imaginação individual ou às subculturas resultantes de contato pessoal, cada vez mais marginalizadas.” p.461

– “O estabelecimento de barreiras para a entrada nesse sistema de comunicação e a criação de senhas para a circulação e difusão de mensagens pelos sistema representam batalhas culturais cruciais para a nova sociedade nesse novo ambiente histórico, e cujo resultado predetermina o destino dos conflitos mediados por símbolos. São os interagentes e os receptores da interação que em grande parte delineiam o sistema de dominação e os processos de liberação na sociedade informacional.” p.461

– “O espaço de fluxos e o tempo intemporal são as bases principais de uma nova cultura, que transcende e inclui a diversidade dos sistemas de representação historicamente transmitidos: a cultura da virtualidade real, onde o faz-de-conta vai se tornando realidade.” p.462

Capítulo 6

– “O espaço e o tempo são as principais dimensões materiais da vida humana.” p.467

– “Ao contrário da maioria das teorias sociais clássicas, que supõe o domínio do espaço pelo tempo, proponho a hipótese de que o espaço organiza o tempo na sociedade em rede.” p.467

– “…alguns dos mais importantes centros de inovação para a fabricação de tecnologia da informação são realmente novos, em especial, no líder mundial em tecnologia, os Estados Unidos….seu desenvolvimento resultou do agrupamento de vários dos fatores específicos habituais de produção: capital, trabalho e matéria-prima… que era formada de novos conhecimentos relacionados a campos de aplicação estrategicamente importantes, produzidos pelos principais centros de inovação… e pelas redes construídas em torno desses centros.” p.480

– ” O desenvolvimento da comunicação eletrônica e dos sistemas de informação propicia uma crescente dissociação entre a proximidade espacial e o desempenho das funções rotineiras: trabalho, compras, entretenimento, assistência à saúde, educação, serviços públicos, governo e assim por diante. Por isso, os futurologistas freqüentemente predizem o fim da cidade… visto que estão destituídas de sua necessidade funcional.” p.483

– “…três categorias: (a) substituidores…são trabalhadores à distância no sentido exato. (b) autônomos, trabalhando on-line de suas casas. (c) complementadores, trazem para casa trabalho complementar do escritório convencional.” p.484

– “O fator decisivo dos novos processos…é o fato de o espaço urbano ser cada vez mais diferenciado em termos sociais, embora esteja funcionalmente inter-relacionado além da proximidade física. Acompanha a separação entre significado simbólico, localização de funções e a apropriação social do espaço na área metropolitana… desenvolvimento das megacidades.” p.492

– “O que é espaço? Em física, espaço não pode ser definido fora da dinâmica da matéria. Em teoria social, espaço não pode ser definido sem referência às práticas sociais.” p.500

– “Fluxos não representam apenas um elemento da organização social: são a expressão dos processos que dominam nossa vida econômica, política e simbólica… O espaço de fluxos é a organização material das práticas sociais de tempo compartilhado que funcionam por meio de fluxos.” p.501

– “A articulação das elites e a segmentação e desorganização da massa parecem ser os mecanismos gêmeos de dominação social em nossas sociedades.O espaço desempenha papel fundamental nesse mecanismo… a verdadeira dominação social provém do fato de os códigos culturais estarem embutidos na estrutura social, de tal forma que a posse desses códigos abre o acesso à estrutura do poder sem que a elite precise conspirar para impedir o acesso a suas redes.” p.505

Capítulo 7

– “Em termos materiais, a modernidade pode ser concebida como o domínio do tempo cronológico sobre o espaço e a sociedade…o tempo como repetição da rotina diária… ou como o domínio da natureza, quando todos os tipos de fenômenos, práticas e lugares ficam sujeitos à marcha centralizadora e universalizante do tempo – está no âmago do capitalismo industrial e do estatismo.” p.525-526

– “O que chamo de tempo intemporal é apenas a forma dominante emergente do tempo social na sociedade em rede porque o espaço de fluxos não anula a existência de lugares.” p.527

– “O sistema de gerenciamento flexível da produção em rede depende da temporalidade flexível da capacidade de acelerar ou desacelerar o produto e os ciclos de lucros, do tempo compartilhado por equipamentos e pessoal e do controle das defasagens de tempo da tecnologia disponível em relação à concorrência.” p.530

– “…o desafio real da nova relação entre trabalho e tecnologia não diz respeito ao desemprego em massa, …, mas à diminuição geral do tempo de serviço para uma proporção substancial da população.” p.538

– “…embora o princípio da vida sequencial tenha mudado de biossocial para sociobiológico, havia um padrão de ciclo de vida que as sociedades desenvolvidas tendem a seguir, e que os países em desenvolvimento tentam alcançar.” p.538

– “..são as descobertas extraordinárias da tecnologia médica e da pesquisa biológica nas duas últimas décadas que fornecem base material para a maior antiga aspiração da humanidade: viver como se a morte não existisse, apesar de ser nossa única certeza.” p. 544

– “…tempo intemporal…ocorre quando as características de um dado contexto, ou seja, o paradigma informacional e a sociedade em rede, causam confusão sistêmica na ordem sequencial dos fenômenos sucedidos naquele contexto.” p.556

– “…a transformação estruturou o ser, o tempo moldou o espaço.” p.557

Conclusão

– “A presença na rede ou a ausência dela e a dinâmica de cada rede em relação às outras são fontes cruciais de dominação e transformação de nossa sociedade…” p.565

– “Rede é um conjunto de nós interconectados. Nó é o ponto no qual uma curva se entrecorta… a distância (física, social, econômica, política, cultural) para um determinado ponto ou posição varia entre zero (para qualquer nó da mesma rede) e infinito (para qualquer ponto externo à rede).” p.566

– “Uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto altamente dinâmico suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio.” p.566

– “…o capital financeiro e a alta tecnologia, o capital industrial, estão cada vez mais interdependentes, mesmo quando seus modos operacionais são específicos a cada setor.” p.568

– “Distinguir quem são os proprietários, os produtores, os administradores e os empregados está cada vez mais difícil em um sistema produtivo de geometria variável, trabalho em equipe, atuação em redes, terceirização e subcontratação.” p.571

– “As expressões culturais são retiradas da história e da geografia e tornam-se predominantemente mediadas pelas redes de comunicação eletrônica que interagem com o público e por meio dele em uma diversidade de códigos e valores, por fim incluídos em um hipertexto audiovisual digitalizado. Como a informação e a comunicação circulam basicamente pelo sistema de mídia diversificado, porém abrangente, a prática da política é crescente no espaço da mídia. A liderança é personalizada, e formação de imagem é geração de poder.” p.572

– “Em razão da convergência da evolução histórica e da transformação tecnológica, entramos em um modelo genuinamente cultural de interação e organização social. Por isso é que a informação representa o principal ingrediente de nossa organização social, e os fluxos de mensagens e imagens entre as redes constituem o encadeamento básico de nossa estrutura social.” p.573

 


Crítica

Pontos fortes: progressão detalhada de fatos e acontecimentos históricos, construção dos conceitos de maneira progressiva.

Pontos fracos: sobrecarga de citações e relacionamentos pode provocar uma saturação, o ritmo de leitura acaba sendo desacelerado em função do uso recorrente de tabelas e dados brutos.


Leituras complementares

  1. McLuhan, Marshall – Aldeia global

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